Toda a gente já passou por aquele desafiante momento em que tem que utilizar um agrafador para agrafar (quem diria) um conjunto de folhas de papel. Juntamos meia dúzia de folhas, sejam elas todas partes de um documento, sejam vários documentos independentes mas que dizem respeito ao mesmo assunto, e o passo seguinte é: "agora é só agrafar isto e já está".
Não está. Nunca é "só agrafar isto". Pelo menos nunca com esta leviandade que a expressão pode insinuar. Na verdade o sucesso do processo de agrafar um molho de folhas requer a concretização de uma quantidade de procedimentos intermédios, todos eles com potencial mais que suficiente para transformar o "só agrafar isto" num pesadelo.
Comecemos pelo princípio: "onde é que está o agrafador?". O agrafador nunca está num sítio prático. Eu acho que o agrafador é tão embaraçante que as pessoas depois de utilizá-lo atiram aquilo para os sítios mais recônditos do escritório, ou da casa, na esperança de não precisar de voltar a utilizá-lo nos próximos meses. Claro que após umas horas precisamos dele outra vez, e lamentamos não saber onde o pusemos. Mas lá o encontramos. O único agrafador que existe ali nas redondezas. O que é uma pena, porque o agrafador é daqueles minúsculos, daqueles para a escola primária, e precisamos de agrafar 20 folhas de papel todas juntas. E agora? Bem, agora vamos lá ver se estes agrafos anões dão para isto. Seguramos as folhas com uma mão, enfiamos o canto do molho de folhas na boca do agrafador e com a outra fazemos força para fechar o agrafo, o polegar em cima e o resto dos dedos em baixo. Bonito serviço, o agrafo ficou todo torto...! De um lado o braço do agrafo anão nem chegou a sair do outro lado do molho de folhas, e do outro saiu e ficou todo dobrado sobre si, em vez de ficar a abraçar as folhas. Temos que tirar este agrafo e tentar outra vez. O melhor é utilizar um daqueles instrumentos enigmáticos que parecem os dentes de um vampiro, que dizem que serve para tirar agrafos. Mas não me venham com coisas, ninguém tem uma coisa destas! Eu sei que a esmagadora maioria das pessoas usa um porta-minas, com aquela pontinha metálica por onde sai a mina. E resulta. Conseguimos tirar o agrafo, só com um arranhãozito ou dois nos dedos. E agora vamos lá tentar agrafar isto outra vez. Pousamos as folhas em cima de uma mesa, com o canto na boca do agrafador, mas desta vez espetamos uma murraça no agrafador. Espalham-se as canetas todas, a garrafa de água vira-se por cima do teclado do computador e o telemóvel esbardalha-se todo no chão, abre-se a tampa e a bateria sai disparada. Mas pelo menos agrafámos as folhas... Mentira! O agrafo desta vez nem furou as folhas, ficou todo encarquilhado ao cimo das folhas. No máximo fez um furito na primeira página.
Eu acho-lhe uma graça...!
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