domingo, 20 de novembro de 2016

O triângulo - manual de instruções

Ah, o Outono... gosto tanto! As árvores vermelhas, as folhas a cair, as castanhas assadas, o friozinho, a lareira, a chuva... é, não é?! E os acidentes de viação, também gostas?!
Começa a chover, pronto. É toques por todo o lado. Pelo menos duas vezes por semana qualquer rotunda tem carros encostados uns nos outros e o triângulo lá atrás. Se for a rotunda dos patos é mais vezes, porque vai tudo a olhar para os patos. E porque numa das entradas na rotunda vem tudo a abrir.
Eu não sei se vocês concordam mas eu acho que o triângulo foi uma coisa que os portugueses inventaram para avisar os outros condutores que mais à frente houve molho, para começarem a abrandar e poderem passar bem devagarinho pelo acidente. Para terem cuidado e não se enfaixarem nos que já lá estão, não é? Não, para ver tudo, claro. Senão depois como é que podemos fazer a reconstituição do acidente? Há um protocolo a seguir quando vemos um triângulo fluorescente na estrada. Primeiro, ele deve ser colocado mais ou menos a 100 metros do local do acidente para dar tempo de tirar o telemóvel do bolso e ligar a câmara. Depois devemos abrandar e tentar imediatamente perceber se o acidente foi no nosso sentido ou no sentido contrário. Se foi do outro lado da estrada é mau, porque o nosso sentido está desimpedido e só podemos abrandar mas não parar. Se foi no nosso sentido óptimo, que assim passamos mais perto e podemos parar. Se o nosso sentido tem duas faixas e o acidente foi na nossa, ainda melhor. Assim podemos ir nessa faixa até mesmo em cima deles, muito devagarinho, parar ao chegar ao pé do acidente para ver tudo muito bem desse ângulo e só depois mudar para a faixa desimpedida, para ver tudo de outro ângulo. Sim, ao passar pelo acidente é permitido mesmo parar, para tirar fotos. Depois vemos se há sangue, alguém caído, ou se foi só chapa. E vemos se é alguém conhecido. Se é, paramos logo à frente, para entupir ainda mais o trânsito. Se não é, seguimos viagem a esgalhar, como é óbvio. A estrada está livre é para andar.
Eu acho-lhe uma graça...!