quinta-feira, 11 de abril de 2013

Os tubérculos e os legumes

Um dia destes, igual a tantos outros (acho que até estava a chover e tudo), fui almoçar à cantina do Pólo 3 da Universidade de Coimbra. Normalmente vou ao serviço "social", que tem um prato de carne e um prato de peixe à escolha, e (irregularmente, pensava eu) salada.
Desta vez os pratos eram carne com arroz e favas ou peixe cozido com batatas. Escolhi carne com arroz e favas e pedi um pouco de salada. Prontamente a senhora que me serviu disse "Não pode ser amigo... já leva um legume, que são as favas, não pode acompanhar com salada.". Calmamente respondo à senhora "Desculpe, mas isso não faz sentido nenhum. A salada é um acompanhamento, saudável, que pode e deve ser servido com qualquer prato, é para isso que aí está.". A senhora insiste "Pois, mas são as ordens que tenho. Só pode levar salada se levar o outro prato.". Faço uma pergunta pertinente "Então mas o outro prato também tem batatas, pode levar salada?". E a senhora "Pode, são as ordens que tenho, não posso fazer nada.".
Segui o meu caminho, paguei e fui almoçar, carne com favas e arroz, mas nada de salada.
No final da refeição dirigi-me ao chefe da cantina e pedi o livro de reclamações. Educadamente respondeu-me "Sim senhor, mas posso saber o motivo?". E eu respondi "Pode, claro. Quero deixar a minha reclamação  por não me terem servido um pouco de salada com a justificação de que já levava um legume que eram as favas.", e aproveitei para repetir a pergunta à qual a senhora não me tinha respondido: "Eu pergunto, se levasse peixe com batatas já não levava um legume, e portanto já podia levar salada?". E aqui vem a cereja no topo do bolo:

"A fava é um legume, mas a batata é um tubérculo, portanto já poderia acompanhar com salada."!

Agora, pensando calmamente sobre o assunto, encontro-me num dilema moral. Não sei se devia de facto ter escrito a reclamação (foi o que fiz) ou se devia ter agradecido ao senhor chefe da cantina do Pólo 3 da UC por finalmente me ter esclarecido sobre a regra que determina se posso ou não levar salada a acompanhar: Se nasce acima do solo, não pode levar salada. Se nasce abaixo do solo já pode. Fica aqui o meu obrigado!

Nem quero imaginar como seria a regra se a salada tivesse também beterraba.

sábado, 6 de abril de 2013

A esquerda e a direita

Recentemente fui operado a um joelho, ao esquerdo.

Tive uma primeira consulta, na qual o médico me "viu" o joelho, o esquerdo. Nessa consulta levei-lhe uma cópia da ressonância magnética que tinha feito uns dias antes ao joelho, o esquerdo. O diagnóstico confirmou-se: fractura do menisco interno do joelho, o esquerdo, e estiramento do ligamento lateral interno do joelho, o esquerdo. A solução é cirurgia. Deve aguardar pela marcação da cirurgia. Tudo bem.

Passado uns dias recebo um telefonema da clínica onde fui operado, dizendo-me que tinha marcada para daí a uns dias a cirurgia ao joelho, o esquerdo.

No dia marcado apresento-me na clínica e faço a admissão na secretaria, ao que a enfermeira confirma "vem fazer uma cirurgia ao joelho esquerdo, não é verdade?". Sim, ao joelho esquerdo.

Já na sala de preparação para a cirurgia a enfermeira pergunta "Então qual é a perna que temos que rapar?".  Respondo "é a esquerda". Estranho, mas fico descansado porque só agora é que cheguei realmente às mãos de quem "mexe na massa". Algo aliviado, digo um "pronto, ao menos agora o médico já não me tira o joelho errado". A enfermeira reage com um riso nervoso... não a conheço, se calhar ri-se mesmo assim.

Vamos para o bloco operatório. Cumprimento o médico, o anestesista e os enfermeiros. Deito-me na maca e o médico pergunta-me "Então qual é o joelho que vamos operar?"... Como ainda não me tinham posto a dormir, respondo "é o esquerdo". Calmamente o médico retribui "Ah, pois. Realmente não está aqui na sua ficha qual é o joelho"...

Não, claro que não... isso são detalhes!