terça-feira, 17 de dezembro de 2013

O salame de chocolate

O salame, aquele de chocolate, delicioso, é muito simples de fazer. Mas deve ser dificílimo de moldar!

Um dia destes, por altura do aniversário de um amigo, alguém descrevia como fazer um salame de chocolate:

"Amolece-se o chocolate com água quente e junta-se a manteiga e as bolachas trituradas. Junta-se o açúcar e as gemas, mistura-se tudo muito bem numa tigela até ficar pastoso e depois faz-se um rolo e embrulha-se em papel vegetal."

E eu faço a pergunta pertinente "Mas se a massa fica maleável quer dizer que se pode moldar de qualquer forma, certo?"

"Sim, podes depois fazer da forma que quiseres..."

"Eu acho-lhes uma graça...! Então porque é que toda a gente faz da mesma maneira?"

"Errr..."

"Pois, não tinhas pensado nisto pois não? Já para não falar do papel de alumínio, que só serve para ficar agarrado ao salame."

"...(silêncio)..."

João 15 - 0 Fazedores de salame

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Eu acho-lhes uma graça...!

Em dias de greve geral há sempre um ou outro autocarro a circular. Nunca falha.

O que também nunca falha é o autocarro passar por mim quando estou a meio caminho entre duas paragens. Estou numa, à espera do autocarro, passam 10 minutos, 15 minutos, 20 minutos, nada... o que é que faço? Isso, vou andando a pé. Exactamente no ponto médio, entre a paragem onde estava e a paragem seguinte, o que é que acontece? Exacto, passa o autocarro. E como se não ficasse fod... aborrecido o suficiente, o motorista ainda faz questão de abrandar ao passar por mim para que possa ver bem aquele sorriso sarcástico, como quem diz "Ai gostas de escrever piadinhas sobre autocarros, não é?"...

Ah, e nunca mais tenho a brilhante ideia de chegar à próxima paragem e ficar de novo à espera. Aposto que os motoristas comunicam entre si e planeiam os seus percursos ao pormenor de forma a que passe um autocarro por mim entre cada duas paragens, durante todo o percurso!

Eu acho-lhes uma graça...!

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Os lugares de estacionamento

Eu não percebo qual é a dificuldade que certas pessoas têm em estacionar o carro dentro das linhas que delimitam esses lugares, como nos parques de estacionamento dos hipermercados, por exemplo.  Acreditem, por mais pequeno que pareça é espaço suficiente para estacionar o carro.
Se calhar o problema é esse. Há pessoas que não sabem a diferença entre estacionar e parar o carro. Também pode acontecer que essas pessoas, pura e simplesmente, não saibam estacionar. Eu opto sempre por considerar esta 2a hipótese. E no seguimento disso faço aqui um forte apelo às entidades responsáveis para que os exames de condução passem a incluir obrigatoriamente uma rápida visita a um hipermercado e um estacionamento desses. Sim, porque eu gostava de saber quantas vezes é que um condutor faz contornos de passeio durante a vida... muito menos vezes do que tem que estacionar o carro, aposto!
Também faço aqui uma sugestão a estes condutores: experimentem ir a um restaurante e pedir para vos servirem metade do arroz e das batatas dentro da travessa e a outra metade dentro da travessa do gajo do lado... deve ter cá uma graça!

terça-feira, 29 de outubro de 2013

O caloiro

E aqueles meninos que nunca andaram de autocarro, até ao dia em que se lhes acende uma luz vermelha no painel do carro. Vão todos lampeiros à oficina a pensar que é só mudar um tubo qualquer de borracha (como se fosse possível ser só isso alguma vez) e, claro, o carro tem um problema grave no radiador, é preciso desmontar aquilo tudo e esperar por peças que vêm não sei de onde... o carro tem que lá ficar uns dias. É o PÂNICO!

Logo para começar, este "caloiro" liga aos pais, porque obviamente não faz ideia de qual autocarro pode apanhar para ir da oficina para casa, e muito menos faz ideia de como o deve fazer. O que é certo é que apanha boleia dos pais nesse dia e só no dia seguinte tem que enfrentar o perigoso Mundo dos autocarros.

Chega à loja dos autocarros e diz à senhora que quer senhas de autocarro. Logo aqui se vê que se andou de autocarro foi uma vez ou duas na vida, ainda no tempo daquelas senhas amarelas de estraçalhar (ver http://pensaregratisachoeu.blogspot.com/2013/09/a-guilhotina.html), e sempre acompanhado por um adulto. Já não há senhas, há cartões que se carregam com viagens à medida que se vão gastando. Surpreendentemente, à pergunta da senhora "Já não tem viagens no cartão, mas tem aí o cartão?" responde "Não... as viagens acabaram e deitei-o fora". Boa, afinal já tinha andado de autocarro com os cartões de senhas... não sabia é que funcionavam como tal, pensava que eram como as senhas e quando acabaram as viagens deitou-o fora... -.-'
Confiantes, dispara um "Não faz mal, eu compro outro. Dê-me um cartão com senhas para o autocarro 6, se faz favor". Bonito. A senhora não sabe se há-de rir ou ficar chateada. O que é que se faz a uma pessoa que acha que as senhas são específicas para cada autocarro... se calhar acha que era prático andar com um catálogo de senhas de autocarro, tantas quantas as linhas que existem, e perder metade dos autocarros por andar à procura da senha certa na paragem!
Lá consegue comprar o cartão com as senhas, vai para a paragem. Felizmente está lá aquela senhora, com o saco das hortaliças aos pés, que lhe diz qual o autocarro que deve apanhar e a hora exacta a que chegará aquela paragem. "Afinal isto até é fácil", pensa. Mas quando o autocarro chega, entra à frente de toda a gente, senta-se ao lado de uma senhora que ia à janela e abre-a, sem perguntar nada a ninguém... é o FIM!

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A janela aberta ou fechada?

Eu acho que os autocarros deviam ter espaços diferenciados, tipo fumadores/não fumadores, mas para pessoas friorentas/calorentas.

Em dias de muito frio, ou de muito calor não há grande problema, a grande maioria das pessoas está de acordo quanto ao estado em que devem permanecer as janelas do autocarro: se está muito calor deixa-se a janela aberta, se está muito frio deixa-se a janela fechada. O problema surge quando não está frio nem calor... os friorentos querem a janela fechada porque acham que está frio, os calorentos querem a janela aberta porque acham que está calor.

É engraçado ver a luta, qual disputa territorial, pelo controlo de uma janela de autocarro. Entra uma destas senhoras friorentas e senta-se imediatamente ao pé de uma janela que está aberta, não sem antes a fechar. Mesmo que todos os lugares estejam vazios e todas as janelas fechadas excepto uma, esta senhora senta-se ao pé da janela aberta, só para a poder fechar, como que reservando aquela janela. Depois entra pelo menos uma outra senhora, calorenta, que sem desconfiar que aquela janela já está "reservada", pergunta se pode abri-la... doidinha! Os mais corajosos nem perguntam, abrem logo a janela sem dizer nada. Em menos de nada estão a levar com uma hortaliça na testa que é para não se armarem em espertos. Vá, se calhar estou a exagerar, mas de um "Olha-me esta, está com os calores!" não se safam, o que, convenhamos, dito entre senhoras pode ser constrangedor... e é ver este ritual de paragem em paragem, enquanto esta senhora colecciona "troféus", que é como quem diz, pessoas sentadas à sua volta a transpirar que nem doidas mas caladinhas que nem ratos.
Claro está que quando a "dona do pedaço" finalmente sai do autocarro aquela janela passa a ser controlada por uma destas que tinha levado com uma hortaliça na testa. Libertando toda a sua raiva e indignação, quando a primeira senhora entra a pedir para fechar aquela janela que está frio, não sai menos que um corrosivo "Olha olha... esta não tem quem a aqueça!"

Agora que penso melhor, é melhor manter os espaços indiferenciados no autocarro, é mais divertido!




segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A velhice

Hoje de manhã vi num programa informativo da televisão uma notícia sobre o homem mais velho do Mundo, que morreu ontem num lar de idosos dos Estados Unidos, com 112 anos.
Eu sei que 112 anos é uma idade respeitável, mas... o que é que isto nos interessa? Reparem que se trata de uma notícia dizendo que morreu um senhor muito velhinho, (supostamente) o mais velho do Mundo, que disse, "antes de morrer", que o segredo da sua longevidade era comer uma banana por dia.
Maravilhoso!

Primeiro, eu gostava de saber quem são os jornalistas que procuram e identificam as pessoas mais velhas do Mundo. Sim, as pessoas, porque eu nunca vi duas notícias sobre a pessoa mais velha do Mundo que dissessem que é a mesma pessoa. São sempre pessoas diferentes! Ou é um velhinho que come bananas todos os dias num lar de idosos nos Estados Unidos, ou é um velhinho peruano que fuma folhas de coca e faz grandes caminhadas algures lá no cimo de uma montanha muito alta, ou é uma velhinha chinesa que todos os dias planta arroz e bebe chá de ervas... Todos os dias há uma pessoa mais velha do Mundo, querem que as pessoas acreditem?!

Segundo, como é que a fonte desta notícia (seja ela o jornalista ou não) sabia que este senhor ia morrer e conseguiu perguntar-lhe qual era o segredo mesmo antes de isso acontecer? Ou será que foi o próprio senhor velhinho que acordou um pouco mal disposto e resolveu revelar o seu segredo da longevidade em vez de dizer "bom dia" às pessoas (senhores e senhoras de idade igualmente respeitável, muitos deles utentes assíduos de autocarros durante anos e anos a fio, e que só não são leitores deste blogue porque são americanos e não sabem ler português)? "Olhem, eu aguentei-me até aqui porque em vez de tomar os comprimidos que os médicos me mandavam dava-os ao gato e comia uma banana. Não sei se foi por isso que os gatos nunca duraram muito, mas a mim as bananas fizeram-me bem".

Por último, porque é que isto é notícia??
Vejamos, a mim parece-me que a coisa mais provável de acontecer à pessoa mais velhinha do Mundo é... isso, morrer. É normal!
Eu não vejo notícias todos os dias a dizer "Acabou de nascer o bebé mais novo do Mundo, um chinoca com os olhos em bico cuja primeira refeição foi uma taça de arroz plantado pela tetra-avó... não, peço desculpa, afinal nasceu agora mesmo um bebé americano já obeso que... e recebemos uma informação de última hora, o bebé mais novo do Mundo acaba de nascer algures nas montanhas do Peru, já com a pele envelhecida do sol. A notícia chegou a um canal de televisão peruano através do tetra-avô do bebé, que desceu a montanha a correr"!

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

X-men (and women)

Não, não venho aqui falar dos super-heróis mutantes da Marvel, Wolverine e companhia, mas sim dessa classe de pessoas, normalmente adolescentes, que escrevem português (e eventualmente outras línguas) com recurso sistemático e excessivo à letra "x"!
Certamente terão notado que usei, intencionalmente diga-se, uma palavra com a letra "x". Até aqui tudo bem. As palavras que se escrevem com "x" podem e devem ser escritas com "x". Mas só essas! Eu não ando para aí a excrever com "x" em tudo quanto é palavra, de forma ridícula, só porque alguém um dia se lembrou de comexar a excrever axim com a juxtificação de que "é fofinho". E também não gosto que escrevam para mim assim. É uma questão de educação. Que eu saiba não aprendemos português na escola para depois ser capaz de exteriorizar o carinho que sentimos por outra pessoa (viram, outra palavra que realmente se escreve com "x"). Para isso temos o intervalo, e o pavilhão da escola... E na maior parte das vezes nem sequer é preciso falar muito.

Por outro lado, se isso fosse verdade, os viseenses eram todos fofinhos. Ora, procurem uma imagem ou notícias sobre Fernando Ruas na internet e digam-me se faz algum sentido afirmar isso. Claro que não!

Vá lá, se não sabem falar português e querem ser fofinhos escrevam ou falem em italiano (diz que resulta) mas em "portuguêx" é que não.
Obrigado.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A guilhotina

Já falei aqui dos passes de autocarro, aqueles que andam sempre nas carteiras das senhoras e nos bolsos da camisa (ou das calças) dos homens, mas não falei das míticas senhas de autocarro amarelas, aquelas que cada vez que eram introduzidas na maquineta ficavam com um bocadinho de papel a menos. Era uma senha de papel manhoso, mais alta do que larga, que tinha uma coluna estreita de um dos lados que marcava as viagens com pequenos quadradinhos numerados. Uma vez introduzida na máquina, o último desses quadradinhos deveria ser cortado pela maquineta, ficando assim aquela senha com menos uma viagem disponível. Isto resultou bem, enquanto não se descobriu o truque daquilo.
Havia sempre aquele chico-esperto, normalmente daqueles que se sentam no banco de trás do autocarro, que conseguia meter a senha para baixo exactamente até ao ponto em que a máquina reconhecia a presença de uma senha, disparava a "guilhotina" mas não cortava nada porque na zona de corte estava uma parte da senha já cortada. Uma senha podia durar meses, nas mãos desse pessoal, ou alguns minutos, nas mãos do totó (aquele que fica logo ao pé da porta para ser o primeiro a sair), antes de passar para as mãos dos que se sentam lá atrás...
Normalmente o totó metia a senha para baixo com tanta convicção de que estava a fazer a coisa correctamente que antes de a tirar a máquina cortava 2 pedaços... realmente um azar nunca vem só!

A única vantagem destas senhas era que as senhoras mais velhinhas não demoravam meia hora a fazer levantamentos de mala só porque não queriam tirar a senha lá de dentro e os senhores mais velhinhos nem arriscavam a chegar o bolso de trás das calças ao pé daquela maquineta... só o som daquilo a estraçalhar o papel metia medo!

domingo, 23 de junho de 2013

O bitoque

Qual é o prazer implícito no famoso bitoque? O que é que faz alguém sair de casa num Domingo, ir até um Restaurante, ter a mesa posta à sua espera, entradas, um empregado pronto a servi-lo, uma cozinha inteira à disposição, 1001 pratos à escolha, com os mais diversos ingredientes, muitos deles que nem aparecem em casa, e pedir... um BITOQUE!
Um bitoque é um bife com batatas fritas... Não é um polvo à lagareiro, nem um robalo fresquinho com batatas a murro, nem secretos de porco preto! É um bife!
Aposto que os motoristas de autocarros quando vão a um restaurante pedem cozido à portuguesa ou bacalhau com broa, não pedem bifes!

quarta-feira, 15 de maio de 2013

A porta

Há uma questão que me intriga desde que comecei a andar de autocarro (já lá vão testículos e testículos de anos): Qual o número máximo de pessoas que deves deixar entrar no autocarro à tua frente, antes de tu próprio entrares?

Não sei se esta pergunta alguma vez terá resposta... Imagina, chegas à paragem de autocarro e está um monte de pessoas na paragem, mas não estão a formar nenhuma fila ordenada. Como não se sabe quem vai apanhar qual autocarro, pões-te na paragem, junto das outras pessoas. O autocarro que queres apanhar vem, e pára com a porta de entrada não exactamente à tua frente mas pouco ao lado (ver post anterior sobre a zona de paragem dos autocarros e respectivas portas). As pessoas aglomeram-se em volta da porta de entrada, mas não há uma ordem definida. Se entras à frente de toda a gente, és o arrogante lambuças, que não respeita ninguém e só quer ir à frente para apanhar um lugar sentado (ainda por cima depois ficas com o dilema de quantas vezes deves perguntar à senhora idosa se quer sentar-se naquele lugar). Se ficas ali especado a ver os outros passar, os que estão imediatamente atrás de ti começam logo a barafustar, que aquilo não é sítio para estar espantalhado a olhar, levas com 3 hortaliças no lombo e ainda ouves "nem bigode tens para levar dois estalos, sai-me da frente!"...

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Os tubérculos e os legumes

Um dia destes, igual a tantos outros (acho que até estava a chover e tudo), fui almoçar à cantina do Pólo 3 da Universidade de Coimbra. Normalmente vou ao serviço "social", que tem um prato de carne e um prato de peixe à escolha, e (irregularmente, pensava eu) salada.
Desta vez os pratos eram carne com arroz e favas ou peixe cozido com batatas. Escolhi carne com arroz e favas e pedi um pouco de salada. Prontamente a senhora que me serviu disse "Não pode ser amigo... já leva um legume, que são as favas, não pode acompanhar com salada.". Calmamente respondo à senhora "Desculpe, mas isso não faz sentido nenhum. A salada é um acompanhamento, saudável, que pode e deve ser servido com qualquer prato, é para isso que aí está.". A senhora insiste "Pois, mas são as ordens que tenho. Só pode levar salada se levar o outro prato.". Faço uma pergunta pertinente "Então mas o outro prato também tem batatas, pode levar salada?". E a senhora "Pode, são as ordens que tenho, não posso fazer nada.".
Segui o meu caminho, paguei e fui almoçar, carne com favas e arroz, mas nada de salada.
No final da refeição dirigi-me ao chefe da cantina e pedi o livro de reclamações. Educadamente respondeu-me "Sim senhor, mas posso saber o motivo?". E eu respondi "Pode, claro. Quero deixar a minha reclamação  por não me terem servido um pouco de salada com a justificação de que já levava um legume que eram as favas.", e aproveitei para repetir a pergunta à qual a senhora não me tinha respondido: "Eu pergunto, se levasse peixe com batatas já não levava um legume, e portanto já podia levar salada?". E aqui vem a cereja no topo do bolo:

"A fava é um legume, mas a batata é um tubérculo, portanto já poderia acompanhar com salada."!

Agora, pensando calmamente sobre o assunto, encontro-me num dilema moral. Não sei se devia de facto ter escrito a reclamação (foi o que fiz) ou se devia ter agradecido ao senhor chefe da cantina do Pólo 3 da UC por finalmente me ter esclarecido sobre a regra que determina se posso ou não levar salada a acompanhar: Se nasce acima do solo, não pode levar salada. Se nasce abaixo do solo já pode. Fica aqui o meu obrigado!

Nem quero imaginar como seria a regra se a salada tivesse também beterraba.

sábado, 6 de abril de 2013

A esquerda e a direita

Recentemente fui operado a um joelho, ao esquerdo.

Tive uma primeira consulta, na qual o médico me "viu" o joelho, o esquerdo. Nessa consulta levei-lhe uma cópia da ressonância magnética que tinha feito uns dias antes ao joelho, o esquerdo. O diagnóstico confirmou-se: fractura do menisco interno do joelho, o esquerdo, e estiramento do ligamento lateral interno do joelho, o esquerdo. A solução é cirurgia. Deve aguardar pela marcação da cirurgia. Tudo bem.

Passado uns dias recebo um telefonema da clínica onde fui operado, dizendo-me que tinha marcada para daí a uns dias a cirurgia ao joelho, o esquerdo.

No dia marcado apresento-me na clínica e faço a admissão na secretaria, ao que a enfermeira confirma "vem fazer uma cirurgia ao joelho esquerdo, não é verdade?". Sim, ao joelho esquerdo.

Já na sala de preparação para a cirurgia a enfermeira pergunta "Então qual é a perna que temos que rapar?".  Respondo "é a esquerda". Estranho, mas fico descansado porque só agora é que cheguei realmente às mãos de quem "mexe na massa". Algo aliviado, digo um "pronto, ao menos agora o médico já não me tira o joelho errado". A enfermeira reage com um riso nervoso... não a conheço, se calhar ri-se mesmo assim.

Vamos para o bloco operatório. Cumprimento o médico, o anestesista e os enfermeiros. Deito-me na maca e o médico pergunta-me "Então qual é o joelho que vamos operar?"... Como ainda não me tinham posto a dormir, respondo "é o esquerdo". Calmamente o médico retribui "Ah, pois. Realmente não está aqui na sua ficha qual é o joelho"...

Não, claro que não... isso são detalhes!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O passe

Apesar de tudo tenho algum carinho por aquelas senhoras e senhores idosos que fazem questão de não tirar o passe do autocarro da carteira ou do bolso das calças para o passar na maquineta junto ao motorista para validar a viagem. Afinal é uma forma de aproveitar o autocarro para fazer um pouco de exercício.

As senhoras parecem um halterofilista. Levantam a carteira, vezes sem conta, à espera do "piiii" que sinaliza que a viagem foi validada e que podem ir pousar as hortaliças para se sentar a ver quem entra, e se o carro sai à hora certa! Como não sabem exactamente em que ponto da carteira está o passe do autocarro, de cada vez que levantam a carteira põem-na de forma diferente encostada à maquineta. Levantam-na sempre um pouco mais ou um pouco menos do que na vez anterior e ligeiramente rodada, de forma a que a pequena área que realmente fica encostada à maquineta seja sempre diferente. Normalmente, acertam no sítio onde está o passe após uns 12 ou 13 levantamentos, quando já quase toda a área da carteira foi encostada à maquineta. O que vale é que que as hortaliças estão no outro braço a fazer peso, para compensar.

Atrás desta senhora está um senhor idoso, de bigode, que obviamente já está farto de esperar e lança o clássico "uma carteira tão grande para não saber onde estão as coisas". Claro que, quando chega a vez dele, o que é que faz...? Isso! Demora tanto ou mais tempo que a senhora da frente! Como faz questão de não tirar o passe do autocarro do bolso da camisa, é vê-lo encostado à maquineta, a roçar-se todo, qual dançarina do varão, até ouvir o apito da máquina. E isto quando não traz o passe no bolso de trás das calças...

E é isto. Sempre. Todos os dias.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

As mangas

Já repararam que é impossível dobrar as duas mangas de uma camisa, vestida, exactamente da mesma maneira, de forma a que fiquem com o mesmo comprimento?

Podem experimentar. Sugiro que façam o seguinte: em vez de dobrarem primeiro a manga toda de um lado e depois a do outro, façam uma dobra de cada lado, alternadamente. Primeiro dobram de um lado, a seguir dobram do outro, com a mesma força, puxando bem a manga para baixo antes de fazer cada dobra. No final, de um lado a manga da camisa está acima do cotovelo e do outro lado está abaixo. É impossível.

E é isto.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O frio

Nos dias de frio e chuva, os motoristas de autocarros não podem abrir a porta do carro mais cedo quando chegam ao ponto de horário (as paragens onde invertem o sentido do percurso)?

Eu entendo que eles tenham que virar o letreiro (ou tinham, que agora deve ser carregar num botão e o painel é automaticamente actualizado), e escrever que chegaram às tantas horas e tal... mas será que não podem deixar entrar as pessoas entretanto? Depois queixam-se que as senhoras das hortaliças lhes façam má cara quando entram no autocarro. Então as senhoras cá fora largam uns valentes "POIS, O LAMBUÇAS ESTÁ LÁ DENTRO AO QUENTINHO! NEM SE LEMBRA DOS QUE ESTÃO CÁ FORA AO FRIO!" e depois iam chegar lá dentro e ser simpáticas para o motorista? Não, claro que não... "e ai dele que a seguir se engane no percurso, o bêbedo!!"

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Ainda não são horas

Os responsáveis dos autocarros deviam pensar seriamente em ter um relógio pendurado por cima do sinal de stop, e outro no painel exterior. Obviamente estes relógios deviam estar certos um com o outro. Assim evitavam-se aquelas situações em que no relógio do motorista (de um autocarro que está a fazer tempo na paragem) já são horas de arrancar e nos relógios das senhoras das hortaliças ainda faltam 2 minutos ou 3... é que isto dá sempre molho!

Velhota 1 - "Então mas este carro só sai às 'e 32! O que é que o homem vai a fazer? Já arrancou? Ainda não são 'e 32, são 'e 31!"

Velhota 2 - "Há pessoas que vão ficar na paragem! Ele vai a dormir!!"

Motorista (após parar o autocarro e vir cá atrás, em tom de retaliação) - "Mas você quer ver o meu relógio? Aqui são horas de sair, que é que você quer?"

Velhota 1 - "Olhe que no meu não era a hora certa!"

Velhota 2 - "Mas porque é que o seu relógio é que conta? Isto p'ra bem deviam estar os relógios todos certos ao segundo!"

Velhota 3 - "Pois. Houve pessoas que vieram a correr duma paragem p'ra outra! Sujeitas a cair!"

Isto com relógios nos autocarros resolvia-se.

(Contribuição especial de Filipe Duarte, utente assíduo do 36)

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

As maletas

Sempre me perguntei o que é que os motoristas de autocarro precisam de levar para o trabalho que tenha que ser transportado naquelas maletas de homem, normalmente de cabedal, com uma alça de mão, uma pega para pôr ao ombro e fecham com uma pala que prende com uma molazinha de metal dourado. Se ainda não perceberam que malas são vejam aqui: http://l.rapimg.com/upload_tmp/2/img_204442212_1346186118_med.jpg

Isto faz parte do material de trabalho dos motoristas de autocarro. A camisa azul clarinha, a camisola de malha azul escura, os óculos de sol e esta maleta... mas porquê?!? Para transportar moedas não é, que eles nunca têm troco para dar a quem compra viagens directamente ao motorista, no autocarro. A única explicação que me ocorre, é que eles usam essas maletas para segurar aquele monte de folhas que normalmente levam encostadas ao vidro, ao lado deles, que também não sei para que servem, mas que caem todas para o chão se não forem presas com a maleta...

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O sinal

Já repararam naquele fenómeno que acontece nos autocarros quando alguém quer sair na próxima paragem: mesmo que já alguém tenha carregado no botão de "stop" antes, a pessoa seguinte carrega novamente. E não é porque não tenha visto, que aquilo além de fazer um sinal sonoro tem um semáforo que fica a piscar até o autocarro chegar à paragem! Será que é uma recomendação dos Serviços de Transportes que diz que todos os utentes devem fazer o sinal de "stop" antes da paragem onde querem sair, de forma a que o motorista possa decidir se pára ou não, consoante as pessoas que façam sinal? Na minha opinião não é. Porque acontece exactamente o mesmo com as pessoas que estão à espera do elevador. Podem estar 10 pessoas à espera do elevador, cada uma delas já chamou o elevador 1 vez, mas se chega uma nova pessoa, a primeira coisa que faz é chamar novamente o mesmo elevador... não vá ele não vir porque não quer levar as outras 10 pessoas!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Os "picas"

Já experimentaram fazer de conta que ficam nervosos quando vêm os revisores dos autocarros, vulgramente conhecidos como "picas", entrar? Experimentem parecer irrequietos quando eles olharem para vocês, se tiverem uma mochila ponham-na imediatamente às costas e NÃO tirem a senha (o objectivo é fazê-los crer que não a têm). É vê-los a comentar um com o outro (imagino eu que seja qualquer coisa do género "Olha, já apanhámos um. O espertinho de camisola azul lá atrás. Já lhas conto!"), enquanto dão aquela cotoveladazinha da cusquice. Vão percorrendo o autocarro, fixando o meliante a cada 3 ou 4 segundos. Passam pela frente do autocarro, onde dizem "Bom dia, como vai a senhora? Posso ver a sua senha?" a todas as velhotas com os sacos das hortaliças. Muitas delas ainda eles não chegaram ao pé delas já estão de BI na mão a gritar "OLHE AQUI SENHOR, OLHE AQUI!!", com um entusiasmo tal que se vê logo que não pagam as viagens de autocarro por terem uma idade avançada. Depois passam pelo senhor de bigode, que não os viu porque estava atrás do seu jornal, e dizem "Muito bom dia cavalheiro. Importa-se de me mostrar o seu bilhete de viagem?". À medida que se aproximam da parte de trás do autocarro o sorriso sarcástico vai aumentado nas suas caras... "já não escapas", devem pensar. De cada vez que olham para mim desvio o olhar na direcção da porta de saída e mexo-me ligeiramente no banco. Já vêm doidinhos... Chegam ao fundo do autocarro e dizem com um ar irónico: "Jovem, não me queres mostrar a tua senha?". Admitam que a palavra "jovem" neste contexto tem um significado altamente redutor e intimidatório! Ao que respondo "Com certeza." enquanto tiro a senha da carteira, devidamente marcada com aquela viagem. Acreditem, cai-lhes o Mundo aos pés!! Experimentem, antes de mostrar a senha, fingir que não a encontram: "Olhe, não a encontro...não sei o que aconteceu...". Mas cuidado, não é aconselhável fazê-lo se forem sozinhos, até porque eles andem aos pares (o que é por si só uma boa questão, que fica para uma próxima oportunidade).

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

A Voz

Há anos que ando a tentar descobrir quem é a senhora que vai no autocarro a dizer o nome da próxima paragem. Gostava de lhe perguntar porque é que ela só anda nos autocarros novos, no centro da cidade, a dizer "Próxima paragem: Cruz de Celas". Isso é fácil... gostava de a ver no 2A a dizer "Próxima paragem: Pedrulha" enquanto segura a carteira com as duas mãos! Queria ver se também dizia isso sem tremer a voz. Mas o que eu gostava mesmo era de saber quem ela é! Eu acho que deve ser uma daquelas senhoras velhotas com um saco de hortaliças, porque ela sabe as ruas e as paragens todas! Podia era falar um bocadinho mais alto, que os putos que vão lá atrás no autocarro fazem uma algazarra e não me deixam ouvir nada. No outro dia saí na Adémia de Baixo em vez de sair na Pedrulha Norte.